Todo ano eu listo aqui as minhas fotos favoritas da competição do Wildlife Photographer of the Year (WPY2013). Esta é a mais prestigiada competição do mundo sobre fotografia de natureza. Já é meio que uma tradição do blog. Para os curiosos, aliás, meus posts anteriores estão aqui: 2006 (quando André venceu!!! Eeeeee!!!), 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012.
Então que este ano não ia ser diferente, né?
Escolhi pra Sexta Sub a FENOMENAL foto de Brian Skerry chamada “Feast of the ancient mariner”. A foto mostra uma tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) se alimentando de um pirossomo, que é uma colônia de tunicados (ascídias). Os tunicados são por sua vez os primeiros cordados do reino animal. Aliás, não se engane, essa “coisa” gelatinosa que a tartaruga está comendo é mais próximo da gente na filogenia que um polvo ou um caranguejo. A foto foi tirada nos Açores, e mostra um comportamento raríssimo de se ver. Mais que merecida a vitória de Brian na categoria “Underwater Worlds”.
Outras fotos marcantes do WPY2013
Também gostaria de mencionar que fiquei super-feliz de ver a tragédia de Belo Monte sendo contada pelo 2º lugar da categoria “Fotojornalismo”. As fotos do espanhol Daniel Beltrá mostrando “The dammed forest”, num trocadilho preciso sobre o que está se fazendo com a floresta naquele local, são de uma poesia trágica das mais doloridas.
Mas, no geral, achei as fotos da competição este ano mais “cruas”. Se antes a competição parecia prezar a viagem artística, hoje, na era dos filtros de instagram e dos bilhões de fotógrafos por segundo, a competição voltou às suas raízes privilegiando… Voltou, enfim, ao mundo natural. É a naturalidade de algumas fotos que as torna poderosas e incontestavelmente vencedoras frente a tanta manipulação de photoshop. É, sem dúvida, uma interessante tendência pra fotografia atual.
Abaixo, afinal, as 7 fotos da competição deste ano que mais curti.
1) “Surfing delight” – Wim van den Heever
Minha foto predileta do WPY2013, dentre todas. Comportamento dos golfinhos nariz-de-garrafa inacreditável, clique com timing perfeito, dramaticidade das cores, sensação de movimento, ação, vontade de presenciar o momento… Tá tudo ali, afinal. Foto perfeita.
Foi tirada na África do Sul, num dia de mar bem revolto, de acordo com o fotógrafo.
2) “The greeting” – Richard Packwood
A imagem vencedora da categoria “Nature in Black and White” mais parece um desenho feito a lápis 6B. Aliás, se não fosse a presença dos elefantes, a gente com certeza confundiria a foto com um desenho. De uma delicadeza também inacreditável. A foto foi tirada na fronteira da Zâmbia com Zimbábue.
3) “Sharing a shower” – Michael “Nick” Nichols
Eu AMEI esta foto. Tão simples, natural e tão deliciosa! Ver um bicho tão majestoso numa situação em que ele parece totalmente desconcertado, com vontade de fazer todo tipo de reclamação. Tenho certeza que se esses leões tivessem conta no twitter, iam começar um twittaço nível #mimimi #chuvadadepressão. 😀
Fora que dá pra ver na imagem as gotas de chuva… Uma delícia sem fim. A foto foi tirada no Serengeti, na Tanzânia, e foi commended da categoria “Animals in their Environment”. Mas pra mim, ela só não seria vencedora porque concorreu na mesma categoria da foto dos golfinhos acima, que é a mais perfeita de todas. 🙂
4) “Hot spring magic” – Connor Stefanison
Há realmente uma magia nessa foto extremamente única do parque de Yellowstone, nos EUA. O foco na árvore ressecada traz uma dimensão bem viajandona pra toda a névoa que a circunda. Enfim, uma composição nota 1000. A foto faz parte do portifólio vencedor na categoria especial “Eric Hosking Portfolio Award”.
5) “Tiger untrapped” – Toshiji Fukuda
A foto parece “super simples”, mas… É um tigre siberiano (!!). Perto de Vladivostok (!!!!!). Na PRAIA (!!!!!!!!!!!!!!!!!!!). Precisa dizer mais?
#morri #queromuito
A foto foi, obviamente, a vencedora na categoria especial “Gerald Durrel Award for Endangered Species”.
6) “The pull of the sea” – Ellen Anon
Curto muito fotos tiradas em dias de tempestade. Porque acho que conseguir capturar a beleza e o drama natural que é este momento meteorológico são um desafio enorme, em que a maioria de nós falha. Ellen, entretanto, conseguiu transformas os icebergs na beira da praia na Islândia em pepitas de pedra preciosa em estado cru. O que, no fundo, filosoficamente, é o significado dos icebergs. Uma jóia natural não-lapidada, fundamental para a saúde do nosso planeta. O movimento que essa foto tem é impressionante. E, de novo, o foco nas pepitas de iceberg, perfeito. A foto foi commended na categoria “Wildscapes”.
7) “Spirit of winter” – Jonathan Lhoir
Outra foto que parece uma obra de arte em lápis, dessa vez com um quê impressionante de movimento. O jogo de sombras que a técnica permite é extremamente bem utilizado pelo fotógrafo. A imagem foi commended na categoria “Botanical Realms”. Mas eu sinceramente preferi esta à vencedora mesmo da categoria…
Inspiradoras demais essas imagens do WPY2013, não? Ah, a fotografia… Essa arte do momento…
Tudo de fotografia e arte sempre.