Existem 3 tensões políticas acontecendo nesse momento aqui na Ásia, que recentemente foram manchetes de jornal:
1) A China aprovou a lei Anti-secessão, que dá direito, num modo curto e grosso de dizer, a tomar a ilha de Taiwan de volta para si. A existência de Taiwan como um país “independente” é um desses limbos políticos que ocorrem. Numa comparação não muito boa, é algo como se o Rio Grande do Sul tivesse decidido virar um país separado, e o governo brasileiro tivesse “deixado” por um prazo de x anos, como “teste”. Foi isso mais ou menos que aconteceu, e agora a China aprovou a não-aceitação de Taiwan como estado independente. Primeiro detalhe: para retomar Taiwan, eles podem ATÉ usar meios não-pacíficos – entenda-se, uma pequena guerra pode ser travada na ilha. Segundo detalhe: o país que mais suporta Taiwan independente é os EUA. Nesse momento, os EUA tem cerca de 30,000 soldados estacionados na península coreana, mais um monte no Iraque e no Afeganistão – ou seja, um exército desgastado, que pouco poderá fazer por Taiwan. Pensando em estratégica também, os EUA não querem um confronto com a China. Ninguém quer brigar com um exército de mais de um milhão.
2) A Coréia do Norte agora quer fazer suas próprias regras na conversa com os outros países vizinhos sobre suas armas nucleares. Foi só Sra. Rice há algumas semanas abrir a boca comentando mais uma vez que a ditadura do Seu Kim do Norte não seria mais suportada pelo “democrático” estado americano, que o governante do Norte se revoltou. Bom, até agora ele não fez muito. Mais uma vez, talvez os 30,000 soldados americanos que aqui residem façam o Seu Kim do Norte pensar duas vezes antes de qualquer ação, ou talvez não. Mas vale lembrar que Seul tem cerca 10 milhões de habitantes e está a um pequeno míssel de distância de Pyongyang.
3) Recentemente, nos jornais coreanos, a notícia que mais tem chamado a atenção diz respeito à pequena ilha de Dokdo. Eu já expliquei a situação política daquele monte de pedras antes (e já estive lá). A ilha está mais próxima geograficamente do Japão que da Coréia do Sul, mas é território coreano, assim como Ulleung-do, um local lindo e com mais recursos e potencial turístico enorme. Pois bem, o Japão recentemente decretou um feriado, o “Dia de Takeshima” (Takeshima é o nome japonês para Dokdo), e os jornais aqui têm mostrado que nos livros didáticos japoneses, eles já mostram a ilha de Dokdo como um território japonês. Isso mexe com os brios da soberania coreana, e a situação tem estado tensa com os japoneses nesses dias. Algo talvez como se a Inglaterra quisesse o atol das Rocas para si, a grosso modo. Um punhado de pedras no meio do mar que pode detonar um pequeno conflito. Inacreditável, mas “welcome to the real world, Lucia”.
É aguardar os acontecimentos políticos se desenrolarem.
Tudo de bom sempre.