We love sharks!

por: Lucia Malla EUA, Mergulho, Parques Nacionais, Viagens

We love sharks! Do you?

Na Flórida por uma semana em março passado, não perdemos a oportunidade de ouro de visitar o parque estadual John Pennekamp, um santuário de recife de corais na região dos Keys. Como fomos apenas a Key Largo, foi de lá que saímos para uma série de mergulhos naquelas águas novas para mim. Era minha primeira vez mergulhando na Flórida.

I love sharks - mergulho na Flórida

Mergulho na Flórida

A primeira constatação é que mergulho é um grande negócio na região dos Keys. Grandes lojas de equipamentos, muitas operadoras, promoções, etc. todo um marketing em cima do melhor “point”. Profissionalismo “made in USA” típico, que repercutia em todos os detalhes de todos os dive sites descritos em cada lojinha que visitávamos. Seguramente, a atmosfera inspirava cair na água já. Foi portanto o que fizemos, é claro.

Nossos mergulhos foram conduzidos por duas operadoras. A primeira, Island Ventures, nos levou até o Spiegel Grove numa tarde de vento frio, para conhecer esse belíssimo naufrágio. Mergulho intenso, mas super-legal. Indico a operadora a todos que mergulham, são a cara da Flórida, bem basicão americanóide. A segunda operadora, a Captain Slate Atlantis Dive Center, era a nossa escolha inicial, por isso a expectativa foi crescendo com os mergulhos que ofereciam. Principalmente um deles.

Love sharks: o mergulho com tubarões na Flórida

Quando decidimos passar pela Flórida, ainda elaborando planos de viagem, a razão principal era exatamente o “Creature Feature”, tipo de mergulho que só o Captain Slate oferecia na região. Uma vez por semana, eles saem para alimentar com peixes alguns animais marinhos de grande porte do recife, em uma área de fundo arenoso do parque de Pennekamp, a 11 metros de profundidade. Os animais ali estão certamente condicionados, e estão (quase) sempre lá, no mesmo bat-dia e bat-local, à espera do alimento. Há controvérsias quanto à prática, que, como bióloga, vejo com receio. Mas, como experiência, ainda assim, de certa forma educativo.

We love sharks - nurse sharks

Tubarões abundam. Ao sentir o cheiro do peixe, vários aparecem. Afinal, fartura e facilidade de alimento não acontecem todo dia. É uma excelente oportunidade para os humanos que têm medo dessa “fera dócil” se aproximarem, e perceberem o quanto o tubarão é um bicho mal compreendido pelos humanos: podem ser muito tranquilos. Têm dentes afiados, é claro, e isso deve ser informação suficiente para que qualquer pessoa de bom senso mantenha uma distância mínima, mas a maioria deles não te atacam se você não os incomodar.

I love sharks - Creature Feature dive

Respeito ao espaço alheio é fundamental. E por ser uma situação artificial de alimentação do bicho, eles parecem não ligar para nenhum dos humanos ali. Afinal, querem mesmo é fuçar no balde de peixes. Resultado: o divemaster pega os tubarões, e brinca com os mesmos. Por exemplo, ele colocou o tubarão na minha cabeça, fazendo um chapéu de tubarão, nova tendência da moda fashion-eco-oceânica. É emocionante, e embaixo d’água me diverti bastante com aquela farra toda. I love sharks…

Not only sharks

We love sharks dive - mero gigante

Outro animal que merece destaque nesse mergulho é um mero (ou garoupa-gigante), animal criticamente ameaçado de extinção, que passeia por entre os mergulhadores enquanto o divemaster oferece peixe aos tubarões. “Bruiser”, como é carinhosamente chamado pelo pessoal da Captain Slate’s, nada vagarosamente com olhar curioso, como a divagar o que aquele monte de seres soltando bolhinhas de ar pela boca são realmente. Bruiser parece adorar que as pessoas passem a mão pelas suas escamas, e, apesar do seu tamanho intimidante, é um amor de peixe, muito dócil. De vez em quando, eu tomava um susto, porque Bruiser aparecia do nada ao meu lado. Em dado momento, passou por debaixo das minhas pernas. E uma criatura algumas vezes maior que sem dúvida alguma eu corre o risco de entalar ali, já pensou?

We love sharks - barracuda

Nessa festa submarina, aparecem também barracudas. Elas vêm atrás dos peixes que os divemasters trazem; entretanto, os tubarões são sempre mais rápidos que elas, que terminam ficando com os “restos” do que os tubarões comem. Naquele banquete fuzuê, é difícil escolher quem ganha o quê, vale a lei do mais rápido e mais esperto. E os tubarões ganham.

Mero gigante

Como é a operação do Captain Slate

A operação do Captain Slate é muito popular, atrai bastante gente querendo um pouco de “adrenalina”. Embora eu não ache que seja realmente uma “aventura radical”. É mais emoção mesmo, de ver os tubarões, presenciar sua agilidade, sua perspicácia e sua fragilidade perante nós. Tudo isso sem medo, apenas com respeito e bom senso. Durante toda a duração do mergulho, a gente fica ajoelhado no fundo de areia, vendo toda aquela movimentação. No final, quando os peixes-comida acabam, os animais sorrateiramente se dispersam, satisfeitos. O show acabou. (Mas todo o mergulho é registrado por um videógrafo que, óbvio, depois vende o dvd para você na lojinha do Captain Slate – afinal, estamos nos EUA – por módicos 100 dólares! Não compramos, é claro.)

Mas o legal é que a aventura com o Captain Slate não termina com o Creature Feature. Um segundo mergulho é permitido, dessa vez num recife de coral próximo, o Molasses. Foi uma boa oportunidade de explorar um pouco a fauna subaquática da Flórida. Confesso que depois que você mergulha no Pacífico, fica difícil se impressionar com os corais dos Keys. Afinal, embora eles sejam bonitos, não são tão biodiversos como os filipinos. E perdem muito no quesito coloração exótica.

Entretanto, os recifes de corais desse parque sofrem anualmente a cada temporada de furacões, o que provavelmente explica sua maior insipiência. Os ventos em geral arrancam substratos consideráveis, misturam muito a água, e as espécies da região terminam sendo carregadas abruptamente de um local para outro. Um efeito indireto do aquecimento global, já que o aumento de furacões está em parte ligado a esse fenômeno. Além disso, os corais da Flórida recebem um volume de cerca de 30,000 mergulhadores por mês. Em portanto, o local mais visitado para mergulho do mundo. O que, em suma, traz um impacto ao ambiente nem sempre positivo.

Depois do mergulho, hora de voltar pra estrada. Deixamos Key Largo para continuar nossa aventura pelo norte da Flórida, cujos detalhes ficam para um capítulo futuro…

Tudo de bom sempre. To all those who love sharks. 🙂

We love sharks

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