Recentemente, li um livro que comprei já há algum tempo, mas que sempre deixava “pra depois”. “The consumer’s guide to effective environmental choices“, organizado por Michael Brower e Warren Leon a partir dos conselhos da Union of Concerned Scientists. Antes de lê-lo, estava com receio que fosse muito ecoxiita. Pois felizmente me enganei. Surpreendi-me até, com o tom comedido de boa parte das discussões voltadas para as opções ambientais ao consumidor.
Histórico da reciclagem
O livro começa contando a história de como surgiu o movimento de reciclagem de lixo nos EUA. Fala do escândalo da balsa Mobro 4000 (que ficou vagando pela costa leste americana cheia de lixo tóxico). Depois começa a mostrar as sugestões aos leitores do que seria “consumo ambientalmente efetivo”. Apesar de ter sido publicado em 1999, muitas das dicas ainda são válidas e atuais. Apenas aquelas que envolviam o preço da gasolina nos EUA como fator para o cálculo ambiental (e a expectativa de que esse talvez não subisse muito), têm que ser revisadas, já que o preço atual aumentou mais de 500% em relação ao da época.
Inúmeras tabelas mostram dados comparativos sob vários aspectos, com detalhes impressionantes. Analisa-se até qual o impacto sobre o aquecimento global e a poluição da água causada pelos bancos e instituições financeiras normalizado por dólar gasto. Há um capítulo inteiro dedicado aos carros, onde as conclusões são claras. Decerto, prefira um carro mais eficiente, de preferência híbrido. Além disso, evite SUVs e principalmente carros de off-road nas cidades. Senso comum.
Ponderação para o consumidor
Entretanto, o mérito do livro está a meu ver na ponderação. A todo momento, ele mostra um problema ambiental, suas alternativas, os problemas que essas alternativas trazem e as possíveis soluções para evitar esses problemas colaterais. Tudo com dados e fatos. Afinal ele é um livro científico (pelo menos na forma de trazer a discussão), escrito por cientistas e numa linguagem de facílimo acesso a qualquer consumidor interessado.
Ou seja, o livro educa o consumidor médio a analisar por diversos prismas um parâmetro e ajuda a construir uma linha de raciocínio ecológico para tomar decisões baseadas em dados. São opções ambientais ao consumidor realmente efetivas.
Por exemplo, há um subcapítulo dedicado ao velho dilema ambiental: usar em bebês fraldas descartáveis ou de pano? Pois analisa-se o impacto das descartáveis no acúmulo de plástico e lixo, e o impacto das de pano no gasto de água para ser lavada. Afinal, lembre-se: água é um recurso que tende a ficar cada vez mais escasso. A resposta a esse dilema (e a quase tudo…) depende. Se você mora numa área muito seca, onde água vale ouro, fraldas descartáveis definitivamente são uma opção. Agora, se você mora numa área bem abastecida de água, deve pensar em fraldas de pano, para evitar o lixo.
A abordagem científica ponderada e em linguagem clara e simples é muito bem-vinda, principalmente em questões ambientais. Afinal, existimos e isso por si só já causa impacto ambiental. A idéia vencedora é minimizar esse impacto e permitir um futuro saudável aos que vêm por aí. O livro dá idéias interessantes ao consumidor para essa minimização. Principalmente, não deixa a culpa tomar conta. Recomendo aos interessados no tema.
Tudo de bom sempre.
P.S.
- Amanhã é o dia da proteção às florestas. Haverá uma blogagem coletiva do Faça a sua parte, e quem quiser participar escrevendo um post, avise lá para a gente acrescentar o link. Meu post desta blogagem coletiva você pode ler neste link.