Semana do Coral: Procurando (e encontrando) Nemo

por: Lucia Malla Animais, Animais, Corais, Crianças, Quadrinhos & Animação

Hoje em dia, quando falamos de recife de coral – ou de mar em geral – para boa parte das crianças e até alguns adultos, a primeira imagem que vem à cabeça é uma unanimidade: o peixe-palhaço Nemo. Nemo, do filme “Procurando Nemo“, é provavelmente o personagem animado mais facilmente reconhecido pelas crianças do mundo, seja Coréia, EUA, Brasil ou África do Sul. Pelo menos, para qualquer criança que até hoje mostrei uma foto de um peixe-palhaço de verdade, imediatamente o pequerrucho respondeu “Nemo!”.

(Já até vislumbro o dia em que trocarão o nome científico desse peixe para algo como “Amphiprion nemus” ou algo do gênero…)

Procurando Nemo

Não sei se a Pixar tinha idéia do tamanho do sucesso que seu filme Procurando Nemo teria, mas fato é que a figura do peixe-palhaço Marlin, habitante de um recife da Grande Barreira de Corais, procurando pelo filho rebelde Nemo oceano afora e encontrando-o em Sydney, se transformou na identificação mais conhecida da fauna dos recifes de corais para o público geral.

E com razão. A animação é muito bem-feita e não à toa, ganhou o Oscar de melhor animação de 2004. Mas o melhor para mim no filme “Procurando Nemo” nem é o roteiro ou a animação em si (que são geniais, eu sei), mas a rendição biológica do recife de coral. Simplesmente perfeita, inclusive nas interações entre os animais. O produtor executivo John Lasseter obrigou os responsáveis pela animação a se cadastrarem num curso de mergulho autônomo e efetivamente mergulharem na Grande Barreira Australiana. Assim, puderam ver na vida real como é o “cotidiano” num recife de coral, e com essa atitude, os desenhos fluiram bem mais próximos da realidade. Além do aconselhamento de biólogos marinhos, oceanógrafos e afins durante todas as etapas de criação.

A inspiração para o filme “Procurando Nemo” veio do escritor Andrew Stanton, durante uma visita a um aquário, que serviu de ponto de partida para uma série de lembranças de sua infância – como o aquário do consultório de seu dentista. Daí para o filme foi um pequeno passo.

Encontrando Nemo

Na animação, além dos peixes-palhaço Marlin (pai) e Nemo (filho), há outros personagens do mundo submarino que desfilam pela tela. E os cartunistas foram bastante fiéis aos animais que existem no mundo real dos recifes.

Mr. Ray é uma arraia-pintada (Aetobatus narinari) que passeia lentamente pelo recife acompanhada por peixinhos. Dory é um peixe-cirurgião (Paracanthus hepatus) que, na vida real, é muito esquivo e difícil de ser fotografado. “Ela” realmente desaparece e reaparece num piscar de olhos. Bruce, o tubarão branco (Carcharodon carcharias), e seus amigos Anchor (o tubarão-martelo, Sphyrna zygaena) e Chum (que parece um mako, Isurus oxyrinchus) tentam ser vegetarianos. Mas o chamado do comportamento natural fala mais alto e eles terminam por ir atrás de seu alimento natural, os peixes.

Há também Jacques, o camarão-limpador (Lysmata amboinensis), que normalmente vemos limpando outros pequenos animais nos recifes. Há ainda por cima as lindas anêmonas, as esponjas coloridas, os corais, as estrelas-do-mar, todos os exemplares sésseis em rendições cheias de vida e luz. O recife de coral brilha e tudo na animação está em sintonia com a realidade biológica. Principalmente levando-se em consideração o público-alvo principal, as crianças.

Procurando Nemo e encontrando

Dois peixes-palhaço em sua anêmona.

Procurando Nemo - peixe Gill

Peixe ídolo-mourisco (Zanclus cornutus), que aliás também aparece no filme como Gill, membro da população do aquário.

Aprendendo com “Procurando Nemo”

Particularmente tenho “Procurando Nemo” na minha lista de top-5 filmes de todos os tempos. Porque é um filme que fala de um ambiente que me é muito querido. Além disso, é uma animação extremamente bem feita, bem desenhada, bem roteirizada, bem executada, com uma mensagem construtiva e emocionante. E mais importante, com uma mensagem de preservação, de educação e informação sobre o ecossistema marinho imensas, de incrível disseminação.

As crianças podem sair da sala de cinema achando tranquilamente que o Nemo mora numa anêmona. Porque é verdade – peixes-palhaços vivem em anêmonas. Inúmeras exposições em aquários e zoológicos do mundo hoje usam os personagens de “Procurando Nemo” para trazerem a informação sobre o mar para próximo do público leigo. Aliás, são felizes na comparação, porque o filme é claro. Não há espaço para a desinformação, muito menos para a destruição dos recifes de corais. A mensagem é positiva, facilmente digerida pelo público que é o futuro desse planeta: as crianças.

Nemo – o habitante mais famoso dos recifes de coral do planeta

E que continue assim por muito tempo e que as crianças que hoje assistem ao seu filme, amanhã sejam protetoras da sobrevivência de sua espécie pelo mundo. Que elas sempre encontrem o Nemo ao mergulharem pelos recifes do Pacífico.

Tudo de nemo sempre.

P.S.

  • Os cartoons que ilustram esse post foram retirados do site oficial do filme “Procurando Nemo”, via Pixar ou via Disney. Em contrapartida, as fotos são nossas mesmo. 😀
  • Para mais fotos de nemos na vida real, clique aqui.
  • Este post faz parte da Semana Blogosférica dos Recifes de Corais, organizada pelo blog Deep Sea News. 

Lista completa dos posts da Semana do Recife de Corais no blog da Malla

Semana de Recifes de Corais 2008

Os corais de Bikini

Procurando (e encontrando) Nemo

Mar de cores

O trabalho no recife

Sherman’s Lagoon



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