Faz muito tempo neste blog que comento sobre o gravíssimo problema que o branqueamento dos corais do mundo é. Ameaçados pelo aumento global das temperaturas, os corais do mundo vêm sofrendo sistematicamente processos de branqueamento muitas vezes irreversíveis.
Um estudo recente publicado na Science calculou que os eventos graves de branqueamento vêm acontecendo com 4 vezes mais frequência que antes de 1980. A consequência deste fato é que os corais não têm tempo de se recuperar. Portanto, a cada ano em que (de novo) branqueiam, mais assinam sua sentença de morte. A previsão é tristíssima. De que até a metade do século, 90% dos corais estarão sofrendo anualmente branqueamento grave. Ou seja, fadados a morrer.
Esta morte sofrida vem, entretanto, passando desapercebida da maioria. Afinal os corais ficam embaixo d’água, um ambiente que poucas pessoas visitam. Mas já afetam a economia de diversas comunidades costeiras. Além disso, preocupam lugares que dependem do turismo ligado a este ecossistema, como a Barreira de Corais Australiana e o Havaí.
A ameaça aos corais do Havaí
O Havaí está na maioria das listas de top 10 destinos de mergulho do mundo – com certeza está na minha lista pessoal. Porque é realmente um lugar com um ecossistema tropical subaquático privilegiado, biodiverso, com muitas possibilidades o ano todo de mergulhos diferentes e recifes de corais dentre os mais lindos do mundo. Boa parte do turismo depende da manutenção saudável destes corais – e o turismo é a indústria civil número 1 do estado.
É portanto com muita tristeza que a gente percebe que, por não conseguirmos nem lutarmos mais eficientemente para diminuir as emissões de CO2, as mudanças climáticas destinam, num futuro cada vez mais próximo, os corais do Havaí a perecer.
Isto é uma péssima notícia pro turismo havaiano. Ainda mais quando este alerta sai num artigo da conceituada Condé Nast Traveler, uma revista mundial que dita a “moda” dos destinos, torna ainda mais preocupante o futuro desta atividade econômica no estado. Pior: muito longe de ser um “exagero” editorial, o que ouvimos dos cientistas que estudam os corais é a constatação de fragilidade em que este ecossistema se encontra.
A Autoridade de Turismo Havaiana ainda não se pronunciou sobre o fato. Entretanto, não acho que irá, sinceramente.
Para quem sonha em conhecer o Havaí e suas belíssimas paisagens terrestres e seus recifes mais lindos ainda embaixo d’água… Acho que o mais prudente é vir o quanto antes. Antes que o número de espécies de corais do Havaí esteja pra lá de diminuída.
Tudo de bom sempre.
P.S.
- 2008 foi declarado pela ONU como o Ano Internacional dos Corais – e aqui no blog à época bastante celebrado. Este ano, a ONU não declarou ano internacional de nada. O vácuo permitiu que a International Coral Reef Initiative, uma ONG que atua muito próxima das resoluções da ONU, declarasse por conta própria que 2018 é, mais uma vez, o Ano Internacional dos Corais. A iniciativa veio pela constatação de que, se em 2008 havia um consenso e alguma esperança de que os recifes de corais se recuperassem, agora estamos no meio de um salve-se quem puder na maior parte da cobertura coralínea do mundo. Triste demais.
- Todas as fotos deste post são de recifes de corais do Havaí em estado saudável. São retratos do que perderemos.